Deuteronômio
Chave: Obediência
Deuteronômio. Repetição da lei
Comentário:
O nome do livro de Deuteronômio, ou
"segunda lei", sugere sua natureza e propósito. Figura, segundo
consta em nossas Bíblias, como o último dos cinco livros de Moisés, fazendo um
resumo e pondo em relevo a mensagem que os quatro livros precedentes contém.
Não significa isto que se trata de mera repetição do que ficou dito
anteriormente. Sem dúvida, Deuteronômio faz parte dos acontecimentos históricos
que se deram previamente, em particular no Êxodo e em Números. Contudo vai além
destes relatos visto que os interpreta e os adapta.
Através deste livro, os acontecimentos
estão repletos de significado. Moisés proporciona-nos bastante história; mas em
quase todos os casos relaciona os acontecimentos com a lição espiritual que
sublinham. Toma a legislação que Deus dera a Israel havia quase 40 anos, e
adapta-se às condições de vida da coletividade na terra para a qual Israel se
mudaria em breve.
Quando este livro foi escrito, a nação
de Israel se encontrava na terra de Moabe, ao leste do rio Jordão e do mar
Morto. Numa oportunidade anterior, Israel havia falhado, por falta de fé, ao
não entrar na Palestina. Agora, 38 anos depois, Moisés reúne o povo escolhido e
procura infundir-lhe fé que capacitará a avançar em obediência. Diante deles
está a herança. Os perigos, visíveis e invisíveis, jazem além. Acompanha-os se
Deus, a quem chegaram a conhecer melhor durante suas experiências na penísula
do Sinai, penísula deserta e escarpada. Moisés compreende, corretamente, que os
maiores perigos que os assediam estão na esfera da vida espiritual; sendo
assim, sua mensagem acentua o aspecto espiritual. O Senhor Deus deles, é o
único Senhor; foi ele quem os libertou da escravidão. Deu-lhes a lei. Selou uma
aliança com eles. São o seu povo. O Senhor exige devoção e adoração exclusivas.
Seus caminhos são conhecidos do povo. Mediante longa experiência, Israel
aprendeu que o Senhor honra a obediência e castiga a transgressão. Agora, em um
novo sentido, Israel age por sua própria conta, sob a direção do Senhor e em
sua própria casa.
O livro abrange toda uma gama de
perguntas que surgem desta nova fase da vida de Israel. Sua atitude para com o
Senhor é, naturalmente, o principal problema. Moisés, com toda a diligência de
que é capaz, convida Israel a confiar de todo o coração no Senhor, e a fazer
das leis divinas a força diretriz de suas vidas. Esta lei, se obedecida,
infundirá vida e fará que os israelitas sejam povo destacado entre todas as
nações. Receberão bênçãos, e as nações reconhecerão que seu Deus é Senhor.
Porém, se Israel imitar a conduta das nações vizinhas, esquecendo-se de seu
Deus, então sobrevirá a aflição, e finalmente será espalhada entre os povos.
Através do livro todo acentua-se a fé
somada a obediência. Em um sentido verdadeiro, esta é a chave do livro.
Autor:
Nas páginas do livro de Deuteronômio
se declara que Moisés é o autor dos discursos que abrangem a maior parte da
obra. É evidente que a narrativa de sua morte, que consta do final do livro,
foi escrita por outro autor, mui provavelmente Josué. Daí que é inteiramente
apropriado referir-se a Deuteronômio como o quinto livro de Moisés.
-
Harold B. Kuhn
Doutor em Filosofia e Letras
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